A
MEIO PAU
Queria
mais um amor. Escrevi cartas,
remeti
pelo correio a copa de uma árvore,
pardais
comendo no pé um mamão maduro
―
coisas que não dou a qualquer pessoa ―
e
mais que tudo, taquicardias,
um
jeito de pensar com a boca fechada,
os
olhos tramando um gosto.
Em
vão.
Meu
bem não leu, não escreveu,
não
disse essa boca é minha.
Outro
dia perguntei a meu coração:
o
que que há durão, mal de chagas te comeu?
Não,
ele disse: é desprezo de amor.
Adélia
Prado
Bagagem