E perguntado ele, testemunha, pelo segundo referimento que nele
fez o mesmo Tenente-Coronel Basílio da Gama sobre o inglês Nicolau Jorge, que o
Fiscal dos Diamantes, Luís Beltrão de Almeida, tinha conduzido para o Tejuco,
disse que se não lembra de dizer ao referente que o dito inglês fosse boa ou má
fazenda; mas que se recorda de lhe haver contado o mesmo que se refere a este
respeito, e vem a ser pouco mais ou menos o seguinte, e vem a ser pouco mais ou
menos o seguinte: que conversando com ele, testemunha, com o dito inglês, em
certa ocasião, sobre o levante da América Anglicana, e perguntando-lhe que
motivos tiveram aqueles maus vassalos para se negarem à obediência do seu legítimo
príncipe, o dito inglês lhe notou alguns motivos de que bem se não lembra; mas
eram pouco mais ou menos relativos a tributos, vexações, desordens de generais,
e tirarem-lhes ou diminuir-lhes ou diminuir-lhes a regalia do seu Parlamento;
ao que respondeu ele, testemunha: “Estamos muito bem; logo então, visto isso,
por qualquer coisa se pode revoltar uma conquista?” Ao que respondeu aquele
inglês: “E se a esta, mais anos menos anos, lhe suceder o mesmo, que partido
tomará Vossa Mercê?” Ao que lhe tornou ele, testemunha, pondo-se de pé e
formalizando-se: “Olhe Vossa Mercê para mim: veja-me bem; ora diga-me, que lhe
parece? que partido seguiria?” Ao que o inglês logo respondeu: “Creio que, se
tal acontecesse, havia de ser Vossa Mercê um fino realista”. E ele, testemunha,
lhe disse então: “Pense bem que até dar a própria vida, hei de ser pelo meu
Rei”. E mais não disse, nem se recorda de mais nada a este respeito sobre
aquele referimento.
E perguntado mais ele, testemunha, pelo referimento que ultimamente
nele fez a mesma testemunha, o Tenente-Coronel Basílio de Brito, sobre a
novidade que tinha dado o Cônego Luís Vieira de haver Sua Excelência tirado do
seu cofre quarenta mil cruzados, que era o soldo de três anos, os quais tinha
remetido para Lisboa, disse que tal não tinha ouvido absolutamente, nem àquele
dito Cônego, nem a pessoa alguma; e se por acaso se falou em semelhante coisa,
estando ele, testemunha, (o que duvida) presente ou chegando, a esse tempo em
tal não fez a menor apreensão, pois que disso não tem totalmente lembrança
alguma. E mais não disse, nem dos costumes; e sendo-lhe lido o seu juramento o
assinou com o dito Ministro, e eu, o Bacharel José Caetano César Manitti,
Escrivão nomeado, o escrevi.
Saldanha ― Vicente Vieira da Mota