quarta-feira, 27 de junho de 2012

SÃO JOÃO DEL REI


O QUE JESUS ENSINOU E OS CRISTÃOS REPUDIAM

Não julgueis para não serdes julgados. Pois com o julgamento com que julgais sereis julgados, e com a medida com que medis sereis medidos. Por que reparas no cisco que está no olho do teu irmão, quando não percebes a trave que está no teu? Ou como poderás dizer ao teu irmão: Deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu mesmo tens uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão.

Mt 7, 1-5 

sábado, 23 de junho de 2012

RAPOSOS


PANEM NOSTRUM



LUBRICIDADE

Quisera ser a serpe venenosa
Que dá-te medo e dá-te pesadelos
Para envolver-me, ó Flor maravilhosa,
Nos flavos turbilhões dos teus cabelos.

Quisera ser a serpe veludosa
Para, enroscada em múltiplos novelos,
Saltar-te aos seios de fluidez cheirosa
E babujá-los e depois mordê-los...

Talvez que o sangue impuro e flamejante
Do teu lânguido corpo de bacante,
Da langue ondulação de águas do Reno

Estranhamente se purificasse...
Pois que um veneno de áspide vorace
Deve ser morto com igual veneno...


Cruz e Sousa
Broquéis

NIKON


sexta-feira, 22 de junho de 2012

OS NOVOS INCONFIDENTES



APOSENTADORIA

Antônio Leite Gondim
Antônio Lisboa de Melo
Antônio Lopes Wanderley da Silva
Antônio Machado
Antônio Marciano
Antônio Nascimento da Silva
Antônio Olinto Januário da Silva
Antônio Pereira
Antônio Ramos Bezerra
Antônio Rodrigues Moreira
Antônio Rodrigues Xavier
Antônio Santos Flores
Antônio Silveira Thomaz
Antônio Sílvio Cunha Bueno
Antônio Tavares Barros
Antônio Tavares Ramos
Antônio Venâncio Barbosa
Antônio Vital do Rego
Antônio Xavier da Silva
Antunes Queiroz Chaves
Apolo Heringer Lisboa
Aracélia Magna Bosco
Arcílio Ferreira Goulart
Ari Mazzini Canarin
Ariovaldo Neri Caon
Aristides Fernandes Rosa Filho
Aristófanes Vieira Coutinho
Arlindo de Sá Barbosa
Arlindo Guimarães
Armando Martins Ferreira
Armindo Marcílio Doutel de Andrade
Arnaldo Carnsciali
Arnaldo Cavalcanti Marques
Arnulfo Adolfo da Costa Alfaia
Arp Procópio de Carvalho
Arthur Caetano da Silva Júnior
Arthur Eduardo de Oliveira Carvalho
Arthur Fonseca de Oliveira
Arthur Henrique Ennes de Almeida
Ary Gomes da Cunha
Ary Hélio Bigois
Ary Munhoz
Ary Schiavo
Ary Silveira de Souza
Ary Silvério Gonçalves
Ary Vicente da Silva
Ascendino da Silva Bina
Assis Moura
Astolfo Dutra Nicácio
Athayde Ferrari
Atílio da Costa
Áttila dos Santos Ribeiro

quarta-feira, 20 de junho de 2012

TIRADENTES


OS INCONFIDENTES



AUTO DE CORPO DE DELITO (1)

Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e oitenta e nove, aos quatorze dias do mês de junho do dito ano, nesta Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto, e casas de residência do Doutor Desembargador Pedro José Araújo de Saldanha, Ouvidor Geral e Corregedor desta Comarca, onde eu, Escrivão ao diante nomeado, fui vindo, e sendo aí, pelo dito Ministro me foram dadas as seis cartas de denúncia que sucessivamente apresentaram ao Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Visconde de Barbacena, Governador e Capitão General desta Capitania, de cuja mão as recebeu: o Coronel Joaquim Silvério dos Reis; o Tenente-Coronel Basílio de Brito Malheiro; o Mestre de Campo Inácio Correia, com o seu respectivo Auto de Ratificação e mais declarações; o Tenente-Coronel Francisco de Paula Freire de Andrada; o Coronel Francisco Antônio de Oliveira Lopes; e o Tenente-Coronel Domingos de Abreu Vieira, com os mais papéis e Auto de Achada às mesmas juntos; que tudo vai por mim rubricado por assim o determinar o dito Ministro; cujas cartas manifestam e denunciam o plano de uma sublevação que se pretendia concitar nesta Capitania, indicando-se juntamente nelas alguns dos cúmplices que intervinham na referida confederação; as quais cartas e mais papéis juntos ficam servindo de corpo de delito, que nas mesmas se fez para a Devassa a que manda proceder o dito Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor General pela sua Portaria ao diante junta, datada de doze do corrente mês; do que tudo, para assim constar, mandou ele referido Ministro formar este auto, em que assinou comigo, o Bacharel José Caetano César Manitti, Escrivão nomeado, que o escrevi e assinei.

Saldanha.   —   José Caetano César Manitti.


PORTARIA DO VISCONDE DE BARBACENA AO DES. PEDRO JOSÉ ARAÚJO DE SALDANHA. VILA RICA, 12-06-1789.

Por ter chegado à minha notícia que algumas pessoas tinham formado nesta Capitania o temerário e abominável projeto de uma sublevação contra a Majestade e legítima Soberania da Rainha nossa Senhora, que Deus guarde, e da sua Real Coroa, conjurando-se entre si, podendo corromper a fidelidade do povo e da tropa, e usando para o mesmo fim de outros perversos e horrorosos meios, ordeno ao Desembargador Ouvidor Geral e Corregedor desta Comarca que, autuadas as denúncias ou representações, cartas e mais papéis que lhe entrego, haja de proceder com toda a circunspecção e segredo possível à investigação e inquirição devassa deste gravíssimo delito sem determinado tempo ou número de testemunhas, escrevendo nela o Doutor José Caetano César Manitti, Ouvidor Geral e Corregedor da Comarca do Sabará, que na conformidade das ordens de Sua Majestade tenho nomeado para escrivão em todas as diligências, procedimentos e autos judiciais concernentes ao exame deste importante negócio; e confio da fidelidade, inteligência, atividade, e zelo pelo Real serviço, de um e outro Ministro, o completo desempenho dele, procurando conhecer não somente os autores e cúmplices de tão execranda maldade, mas todo o pernicioso sistema e progresso dela, e dando-me parte de tudo para eu ocorrer continuadamente com todo o auxílio e providência que forem necessárias.

Vila Rica, 12 de junho de 1789

(Rubrica do Visconde de Barbacena)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

SÃO JOÃO DEL REI


O QUE JESUS ENSINOU E OS CRISTÃOS REPUDIAM

Por isso vos digo: Não vos preocupeis com a vossa vida quanto ao que haveis de comer, nem com o vosso copo quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais que o alimento e o corpo mais do que a roupa? Olhai as aves do céu: não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros. E, no entanto, vosso Pai celeste as alimenta. Ora, não valeis vós mais do que elas? Quem dentre vós, com as suas preocupações, pode acrescentar um só côvado à duração da sua vida? E com a roupa, por que andais preocupados? Observai os lírios do campo, como crescem, e não trabalham nem fiam. E, no entanto, eu vos asseguro que nem Salomão, em toda sua glória, se vestiu como um deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que existe hoje e amanhã será lançada ao forno, não fará ele muito mais por vós, homens fracos na fé? Por isso, não andeis preocupados, dizendo: Que iremos comer? Ou, que iremos beber? Ou, que iremos vestir? De fato, são os gentios que estão à procura de tudo isso: vosso Pai celeste sabe que tendes necessidade de todas essas coisas. Buscai, em primeiro lugar, seu Reino e sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo. A cada dia basta o seu mal.


Mt 6, 25-34

sábado, 16 de junho de 2012

RAPOSOS


PANEM NOSTRUM


E são setas do céu (Ó sagitário!).
Versos brotam de mim. Depois de lidos
os distribuo por um destino vário,
depondo em seus percursos meus sentidos.

Exijo que eles sejam meu sudário.
Reconheço-me: aqui os meus gemidos,
e ali esse vulcão desnecessário,
jogando lava em todos os sentidos.

Que chegar de presenças! Que contágio!
Que pajens anunciados e banidos!
Nos bosques sugeridos — que presságio!

Perscruto-me nos verbos nunca ouvidos,
apenas pressentidos ou passados.
Ó bosque ermo de pássaros calados!





Jorge de Lima
Livro de Sonetos
1949.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

ENTRE RIOS DE MINAS


OS NOVOS INCONFIDENTES


APOSENTADORIA

Abelardo Custódio de Oliveira
Abelardo Zaluar
Abílio Dutra
Abrahão Blay
Acyr da Silva Furtado
Ada Natal Rodrigues
Adalberto da Silva Guedes
Adalberto Xavier de Paula
Ademar Paulino de Freitas
Adenor Ferreira dos Santos Rodrigues
Adílson Victor de Araújo
Adolfo Costa Santos
Adolfo Pereira Maia Filho
Afonso Bento Bezerra
Afonso Henrique Martins Saldanha
Agenor Soares Pereira
Agnello Martins dos Santos
Aguinaldo Barbalho Simonetti
Aguinaldo Caheté Rego
Aguinaldo Carneiro da Silva
Ailton Ribeiro Maia
Alberto Amorim
Alberto Coelho de Souza
Alberto de Carvalho da Silva
Alberto José Azzolini
Alberto Latorre de Faria
Alberto Nunes
Alberto Rajão Reis
Albery Rodrigues de Carvalho
Alcenir de Azevedo
Alceste Ribas de Macedo
Alceu Alves Maciel Feitosa
Alcides Augusto Pereira
Alcides Ribeiro Moes
Aldo Ávila da Luz
Aldo Lins e Silva
Aleixo Amaral da França
Alencar Baptista
Alexandre Bichara
Álfio da Fonseca
Alfredo de Oliveira Coutinho
Alfredo Dias Bandeira
Alfredo Lambert
Alfredo Pereira Nunes
Alice Thereza Bojakowski
Allan de Paula Fernandes
Almir Diniz Vila Nova
Almir Leal Arnaut
Aloísio Lavra de Magalhães
Aloísio Pimenta
Aloysio Ubaldo da Silva Nonô
Altamiro Ignácio da Costa
Altino de Carvalho
Aluísio Batista Peixoto

quarta-feira, 13 de junho de 2012

TIRADENTES


OS INCONFIDENTES


1 – ABERTURA

1.1 — Auto de devassa a que mandou proceder o Doutor Desembargador Pedro José Araújo de Saldanha, Ouvidor Geral e Corregedor desta Comarca, por ordem do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Visconde de Barbacena, Governador e Capitão-General desta Capitania, sobre a Sedição e Levante que na mesma se pretendia excitar.

Escrivão

O Bacharel José Caetano César Manitti, Ouvidor Geral e Corregedor da Comarca de Sabará.

1.2 — Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil e setecentos e oitenta e nove, aos quinze dias do mês de junho do dito ano, nesta Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto e casas de residência do Doutor Desembargador Pedro José Araújo Saldanha, Ouvidor Geral e Corregedor desta Comarca, onde eu Escrivão ao diante nomeado fui vindo e sendo aí, por ele dito Ministro me foi participado que em observância da Portaria do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Visconde de Barbacena, Governador e Capitão-General desta Capitania, datada de doze de junho do corrente ano, e auto de corpo de delito e mais papéis dele juntos, de que o mesmo faz menção, queria proceder a devassa para, pelo auto dela, se perguntassem testemunhas e se poder examinar e vir no perfeito conhecimento, não só dos infames réus que temerariamente se abalançaram a perpetrar o execrando delito de que foram denunciados, havendo já de antemão e com premeditada maldade disseminado em alguma parte do povo desta Capitania vários discursos e vozes sediciosas, adaptadas ao fim que se propunham de ilaquear e dispor os mesmos povos a uma horrorosa e geral sublevação, que pretendiam concitar e teriam já praticado se lhes não obstasse a incorrupta fidelidade que neles encontraram; mas também se descobrirem os mais cúmplices que, por qualquer modo ou maneira, houverem prestado ou concorrido com auxílio, conselho ou favor para tão temerário procedimento; e conhecida a verdade, serem uns e outros punidos com todas as penas cíveis e criminais por Direito estabelecidas; de que tudo, para constar, mandou ele dito Ministro fazer este auto, que recebeu na parte que era de receber segundo a forma da Lei, e o qual se assinou comigo, o Bacharel José Caetano César Manitti, Ouvidor e Corregedor da Comarca do Sabará, Escrivão nomeado para esta diligência, que o escrevi e assinei.

Saldanha — José Caetano César Manitti

segunda-feira, 11 de junho de 2012

SÃO JOÃO DEL REI


O QUE JESUS ENSINOU E OS CRISTÃOS REPUDIAM


Ninguém pode servir a dois senhores. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro.

Mt 6, 24

sábado, 9 de junho de 2012

RAPOSOS


PANEM NOSTRUM



Olhos, olhos de boi pendidos vertem
prantos por quem se foi. Ouvidos ouvem,
calam. Crepes enlutam as janelas.
Fundas ouças escutam seus gemidos.

Tudo é um soluço, ôi, ôi, soluça, inerte,
ninguém, ninguém, ninguém. Nem os ciprestes.
A morte é surda. Amém nos teus ouvidos.

O céu mata, o sol mata, a mão também.
Quem é que está jorrando sangue sem
espelho para ver-se em fronte rubra?

Um duro som de sombra prolongada
enche a negra mortalha congelada,
que com ela não há quem não se cubra.


Jorge de Lima
Livro de Sonetos

sexta-feira, 8 de junho de 2012

NIKON


A BÍBLIA SAGRADA


Naquela mesma noite, ele se levantou, tomou suas duas mulheres, suas duas servas, seus onze filhos e passou o vau do Jaboc. Ele os tomou e os fez passar a torrente e fez passar também tudo o que possuía. E Jacó ficou só.

E alguém lutou com ele até surgir a aurora. Vendo que não o dominava, tocou-lhe na articulação da coxa, e a coxa de Jacó se deslocou enquanto lutava com ele. Ele disse: “Deixa-me ir, pois já rompeu o dia.” Mas Jacó respondeu: “Eu não te deixarei se não me abençoares.” Ele lhe perguntou: “Qual é o teu nome?” — “Jacó”, respondeu ele. Ele retomou: “Não te chamarás mais Jacó, mas Israel, porque foste forte contra Deus e contra os homens, e tu prevaleceste.” Jacó fez esta pergunta: “Revela-me teu nome, por favor.” Mas ele respondeu: “Por que perguntas pelo meu nome?” E ali mesmo o abençoou.

Jacó deu a este lugar o nome de Fanuel, “porque,” disse ele, “eu vi Deus face a face e a minha vida foi salva.” Nascendo o sol, ele tinha passado Fanuel e manquejava de uma coxa. Por isso os israelitas, até hoje, não comem o nervo ciático que está na articulação da coxa, porque ele feriu Jacó na articulação da coxa, no nervo ciático.


Gn 32, 23-3

ENTRE RIOS DE MINAS


OS NOVOS INCONFIDENTES



TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA

Hélio de Castro Alves Anísio
Hélio Fernandes Ávila
Hermano Póvoa de Mattos
Hugo Amorim de Lima
Hugo Hartz
Humberto Freire de Andrade
Humberto Molinaro
Jarbas Ferreira de Souza
Jayme da França Torres
Jéferson Cardim de Alencar Osório    
João de Moura Dias
João Evangelista Mendes da Rocha
João Guerreiro Brito
Joaquim Gouvêa de Albuquerque
Joaquim Ignácio Baptista Cardoso
Joaquim Louzada Mariante
Joaquim Pires Cerveira
José Luiz de Araújo Goyano
José Niepce da Silva Filho
José Pires Cerveira
Júlio César Sá Carvalho
Kardec Leme
Ladário Pereira Telles
Lamartine Coutinho Corrêa de Oliveira
Lauro Almeida Bandeira de Mello
Lauro Amorim Moura
Lauro Garcia Carneiro
Leo Affonso Sobral
Lidenor de Melo Mota
Luiz Fernando Ladeira Leite Velho
Luiz Tavares da Cunha Mello
Lupércio Uruguay de Carvalho Malta
Luzio Pinheiro de Miranda
Manoel Ignácio de Souza Júnior
Manoel Musa Filho
Marcello Pires Cerveira Júnior
Márcio de Albuquerque Suzano
Mathias Bailiú
Maurício Eugênio do Nascimento Filho
Maurício Martins Seidl
Miguel Alfredo Arraes de Alencar
Moacyr Pereira Lima
Nairo Villanova Madeira
Napoleão Nobre
Newton Barra
Nicolau José de Seixas
Odair Fernandes Aguiar
Odilário Brasil
Ony Magalhães Machado
Oromar Osório
Oscar Ferreira de Souza
Oswaldo Nunes
Otacílio Lupi
Ottomar Soares de Lima
Paulo Eugênio Pinto Guedes
Paulo Galvão Duarte Simões
Paulo Malta Rezende
Paulo Silveira Werneck
Paulo Soares Machado
Pedro de Araújo Yung-Tay
Pedro Paulo de Albuquerque Suzano
Pedro Paulo de Araújo Suzano
Píndaro Cardim de Alencar Osório
Plínio Deus Fernandes
Príamo Ferreira de Souza
Raul de Araújo Alves Carnaúba
Renato Arantes Tinoco
Renato da Costa Braga
Renato Riedel Osório de Pina
René Magarinos Torres
Ricardo Nicoll
Roberto Julião Pereira de Baere
Ruy Barbosa Moreira Lima
Ruy Codevilla Rocha
Saião Caldeira Bastos Filho
Santiago Cordeiro da Cruz Saldanha
Sebastião Nunes Cavassoni
Silvino Romero Pereira Martins
Sylvio Borges de Souza Motta
Tarcísio da Frota Leite
Tertuliano Rocha Filho
Thales Fleury Godoy
Ubiratan Miranda
Vanius de Miranda Nogueira
Waldemar Dantas Borges
Walter Humberto Monte
Wankes de Aragão Araújo
Washington Frazão Braga

quarta-feira, 6 de junho de 2012

JOLI, JÔ, JOJÔ, NENÉM, JAGUNCINHO (DE SETE LAGOAS)


MACHADO


“Você sabe o que é ter um amor, meu senhor...”

Lupicínio Rodrigues


No vasto campo das relações literárias franco-brasileiras, não é de estranhar que, na mesma época, dois autores, mesmo sem se ter lido ou conhecido, tenham produzido obras-primas ligadas ao ciúme masculino, recorrendo a fontes de leitura comuns. Assim, em 1899, Machado nos dá a conhecer Dom Casmurro, e, em 1908, Proust começa a redação de No Caminho de Swann (1913), onde encontramos o romancete Um Amor de Swann.

O tema — com ser velho — ganha nova dimensão graças ao interesse crescente pela mulher tanto no campo da Psicologia quanto no da Fisiologia, sem se esquecer o da saúde pública. Seus desdobramentos farão que se corporifique ainda com maior força a figura da Mulher Fatal, que em sua faceta moderna e profana se corporifica nas figuras da cigana Carmen e da atriz-prostituta Naná (1879-1880).

Nossos autores estão sob a égide da Belle Époque, que, como sabemos, marca um dos momentos de maior imantação da cultura brasileira pela francesa. As questões debatidas na França encontram eco nas preocupações brasileiras: assim a consolidação da República, a idéia de progresso sócio-cultural, a salvaguarda da saúde pública e, no campo artístico, o esteticismo e a expressão da “identidade” feminina, entre outros. O momento, por tanto, era propício ao desenvolvimento literário da estupefação do homem diante do sexo oposto, cujo mistério insondável ultrapassava os limites de uma sexualidade consentânea com a vida burguesa, ingressando, em alguns casos, no campo do lesbianismo.

A perspectiva machadiana — na esteira dos perfis femininos de Alencar — já compreendia uma grande personagem inquietante, Sofia, cuja continuidade é negada pelo autor, conforme podemos ler no prólogo à terceira edição de Quincas Borba (1899):

A Sofia está aqui toda. Continuá-la seria repeti-la, e acaso repetir o mesmo seria pecado.

Daí a mudança de perspectiva da nova narrativa: estamos diante de um marido ciumento, para quem a esposa pertence ao domínio da malícia e da “traição”. No entanto, a mulher — com toda sua carga de negatividade — não é encontrada na rua, como tantas cortesãs ou atrizes sustentadas por um homem rico, mas traz os elementos delas provenientes os quais — ainda que matizados — não deixarão de atuar no imaginário masculino, donde o ciúme, motor da história e motivo de uma das frases finais de Capitu:

Pois até os defunctos! Nem os mortos escapam aos seus ciúmes!”

Para a amiga da infância tornar-se perigosa, mister se fazia uma caracterização em que avultassem elementos ligados a mulheres inquietantes e destruidoras. O conúbio representado por familiaridade fluminense e importação francesa interessa de perto. Ele é a base da representação da suspeita que, aos poucos, vai solapando a relação entre Bentinho e Capitu, fazendo que a plasmação da figura feminina passe obrigatoriamente pela tradição literária do tema, que Machado irá adaptar aos interesses de sua economia narrativa.

Philippe Chardin mostra-nos que, ao contrário da visão clássica ligando o ciúme a dados universais e atemporais, grande parte da literatura moderna vincula tal sentimento ao aspecto social em que ele surge, sendo mesmo um dos principais interesses das obras da Belle Époque. Ora, uma das figuras mais importantes nesse momento, como caracterização do transbordamento feminino é Carmen, tornada realmente popular graças à ópera de Bizet (1875).

Imediatamente vem ao espírito do leitor brasileiro a expressão denunciadora da inquietação provocada por Capitu, os olhos “de cigana oblíqua e dissimulada”, segundo a descrição de José Dias. O texto de Mérimée, descrevendo o rosto dos ciganos, constitui a fonte machadiana:

Leurs yeux sensiblement obliques, bien fendus, très noirs, sont ombragés par des cils longs et épais.

(Seus olhos sensivelmente oblíquos, bem rasgados, muito negros, são escurecidos por cílios longos e espessos.)

Além do aspecto físico, o dado social inclui a origem inferior da mulher fatal, tal como a cigana (Carmen) em relação ao nobre de província (Don José), propiciando, na obra brasileira, a necessidade que tem o narrador / Bentinho de pontuar a ascensão social de Capitu, pelo casamento:

A alegria com que pôs o seu chapéu de casada, e o ar de casada com que me deu a mão para entrar e sair do carro, e o braço para andar na rua,  tudo me mostrou que a causa da impaciência de Capitu eram os sinais exteriores do novo estado. Não lhe bastava ser casada entre quatro paredes e algumas árvores; precisava do resto do mundo também. (Dom Casmurro).


Gilberto Pinheiro Passos
Sob o Signo do Ciúme: Bentinho e Charles Swann
em Machado de Assis — ensaios da crítica contemporânea
Editora Unesp. São Paulo (SP). 2008.

terça-feira, 5 de junho de 2012

SÃO JOÃO DEL REI


O QUE JESUS ENSINOU E OS CRISTÃOS REPUDIAM


A lâmpada do corpo é o olho. Portanto, se teu olho estiver são, todo teu corpo ficará iluminado; mas se teu olho estiver doente, todo teu corpo ficará escuro. Pois se a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão as trevas!


Mt 6, 22-23

domingo, 3 de junho de 2012

RAPOSOS


PANEM NOSTRUM


EM SONHOS...

Nos santos óleos do luar, floria
Teu corpo ideal, com o resplendor da Hélade...
E em toda a etérea, branda claridade
Como que erravam fluidos de harmonia...

As Águias imortais da Fantasia
Deram-te as asas e a serenidade
Para galgar, subir à Imensidade
Onde o clarão de tantos sóis radia.

Do espaço pelos límpidos velinos
Os astros vieram claros, cristalinos,
Com chamas, vibrações, do alto, cantando...

Dos santos óleos no luar envolto
Teu corpo era o Astro nas esferas solto,
Mais Sóis e mais Estrelas fecundando!


Cruz e Sousa
em Broquéis