sábado, 16 de junho de 2012

PANEM NOSTRUM


E são setas do céu (Ó sagitário!).
Versos brotam de mim. Depois de lidos
os distribuo por um destino vário,
depondo em seus percursos meus sentidos.

Exijo que eles sejam meu sudário.
Reconheço-me: aqui os meus gemidos,
e ali esse vulcão desnecessário,
jogando lava em todos os sentidos.

Que chegar de presenças! Que contágio!
Que pajens anunciados e banidos!
Nos bosques sugeridos — que presságio!

Perscruto-me nos verbos nunca ouvidos,
apenas pressentidos ou passados.
Ó bosque ermo de pássaros calados!





Jorge de Lima
Livro de Sonetos
1949.