Olhos,
olhos de boi pendidos vertem
prantos
por quem se foi. Ouvidos ouvem,
calam.
Crepes enlutam as janelas.
Fundas
ouças escutam seus gemidos.
Tudo
é um soluço, ôi, ôi, soluça, inerte,
ninguém,
ninguém, ninguém. Nem os ciprestes.
A
morte é surda. Amém nos teus ouvidos.
O
céu mata, o sol mata, a mão também.
Quem
é que está jorrando sangue sem
espelho
para ver-se em fronte rubra?
Um
duro som de sombra prolongada
enche
a negra mortalha congelada,
que
com ela não há quem não se cubra.
Jorge
de Lima
Livro
de Sonetos