sábado, 9 de junho de 2012

PANEM NOSTRUM



Olhos, olhos de boi pendidos vertem
prantos por quem se foi. Ouvidos ouvem,
calam. Crepes enlutam as janelas.
Fundas ouças escutam seus gemidos.

Tudo é um soluço, ôi, ôi, soluça, inerte,
ninguém, ninguém, ninguém. Nem os ciprestes.
A morte é surda. Amém nos teus ouvidos.

O céu mata, o sol mata, a mão também.
Quem é que está jorrando sangue sem
espelho para ver-se em fronte rubra?

Um duro som de sombra prolongada
enche a negra mortalha congelada,
que com ela não há quem não se cubra.


Jorge de Lima
Livro de Sonetos