Se
numa província vês o pobre oprimido e o direito e a justiça violados, não te
surpreendas: quem está no alto tem outro mais alto que o vigia, e sobre ambos
há outros mais altos ainda. O proveito da terra pertence a todos; um rei se
beneficia da agricultura. Quem ama o dinheiro, nunca está farto de dinheiro,
quem ama a abundância, nunca tem vantagem. Isso também é vaidade. Onde aumentam
os bens, aumentam aqueles que os devoram; que vantagem tem o dono, a não ser
ficar olhando?
Coma
muito ou coma pouco, o sono do operário é gostoso; mas o rico saciado nem
consegue adormecer.
Há
um mal doloroso que vejo debaixo do sol: riquezas que o dono acumula para a sua
própria desgraça. Num mau negócio ele perde as riquezas e, se gerou um filho,
este fica de mãos vazias. Como saiu do ventre materno, assim voltará, nu como
veio: nada retirou do seu trabalho que possa
levar nas mãos. Isso também é mal doloroso: ele se vai embora assim como
veio; e que proveito tirou de tanto trabalho? ― Apenas vento. Consome seus dias
todos nas trevas, em muitos desgostos, doença e irritação.
Eis
o que observo: o que melhor convém ao homem é comer e beber, encontrando a
felicidade em todo trabalho que faz debaixo do sol, durante os dias da vida que
Deus lhe concede. Pois esta é a sua porção. Todo homem a quem Deus concede
riquezas e recursos que o tornam capaz de sustentar-se, de receber a sua porção
e desfrutar do seu trabalho, isto é um dom de Deus. Ele não se lembrará muito
dos dias que viveu, pois Deus ocupa seu coração de alegria.
Ecl
5, 7-19