Apenas
eu te aceito, não te quero,
nem
te amo, dor do mundo. Há honraria
que
nos abate como um punho fero
mas
aceitamos com sobrançaria.
A
um vate grego certo rei severo
vazou-lhe
os olhos para não fugir.
Ó
dor do mundo, eu vivo como Homero,
Aceito
a provação que me surgir.
Homero,
a tua história sinto-a; e urdo
o
teu destino, o meu e o de teu rei.
Mas
só teus olhos nossos passos guiam,
e
inda tens vozes para o mundo surdo,
e
luz para os outros cegos, luz que herdei
com
a aceitação dos olhos que não viam.
Jorge
de Lima
Livro
de Sonetos