CARTA
DO PADRE JOSÉ S. O. ROLIM: TEJUCO, 20-04-1789
Senhor
Domingos de Abreu Vieira
Meu
prezado amigo do coração. Recebi a última de Vossa Mercê de dois de abril, em
que me certifica ter falado ao nosso Mecenas segunda e terceira vez; ele,
eficaz e certo no que nos prometeu, assim me devo persuadir como homem de bem;
e fico esperando a resolução da parte que levou o meu próprio, para de todo
viver em paz, para o nosso amigo Brandão. Eu tenho observado tanto à risca, que
ainda té o dia de hoje não saí à rua a
pagar visitas; nem o pretendo fazer sem a resolução que vier, pois não é
do meu gênio, nem me está bem aparecer e tornar a esconder-me; eu, confiado na
promessa que a Vossa Mercê lhe asseveraram, vivo certificado que tal me não
acontecerá; e espero que de Vossa Mercê, pelas suas diligências, me venha o meu
sossego.
Este
é o condutor do ouro; leva um caixão com doce de mangabas secas que me fará
mercê oferecê-lo ao Senhor Gonzaga em meu nome. Amanhã, terça-feira, que se
contam 21, saem daqui os dois negros com quatro bestas para a condução de Vossa
Mercê; e os deixará estar inté que Vossa Mercê venha; e tenha satisfação para a
sua jornada muito à sua vontade; e quando cá chegar, reformará de outras que
estarão descansadas à sua espera. Faça-me recomendado a nosso bom amigo Afonso
Dias e todos os mais amigos que Vossa Mercê bem os conhece: ao senhor Bernardo,
e ao Bento Pereira, e todos os da sua família. Sirva-se da minha vontade que
pronta fica para o que for de lhe dar gosto. Deus guarde a Vossa Mercê por
muitos anos. Tejuco, 20 de abril de 1789.
De
Vossa Mercê
Amigo
de coração e obrigadíssimo
José
da Silva