terça-feira, 10 de setembro de 2013

NÃO É MOTOR DE TUDO E NOSSA ÚNICA / FONTE DE LUZ, NA LUZ DE SUA TÚNICA?


POEMA

Pára todos os relógios,
O telefone desliga,
Com um osso suculento
Ao silêncio o cão obriga.
Emudecendo os pianos,
Com um tambor abafado
Vai exibir o caixão
A quem chegar enlutado.
Deixa os aviões em ronda
Chorar o seu desconforto,
Rabiscando contra o céu
O recado: Ele Está Morto.
Vai pôr gravatas de crepe
Nas alvas pombas do chão.
Usem os guardas de trânsito
Luvas pretas de algodão.
Era meu Leste e Oeste,
Era meu Norte e meu Sul,
Os meus dias de trabalho,
E era o meu domingo azul,
Meio-dia, meia-noite,
Minha canção no desterro,
Pensei que amor fosse eterno
Mas este foi o meu erro.
Não quero mais as estrelas,
Apaga uma por uma:
Pode derrubar o sol,
Dizer à lua que suma;
Vai secar o oceano,
Arrasar a mataria:
Nada que agora viesse
Algo de bom conteria.



W. H. Auden