segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A BÍBLIA SAGRADA


Eu disse a mim mesmo: Pois bem, eu te farei experimentar a alegria e conhecer a felicidade! Mas também isso é vaidade. Do riso eu disse: “Tolice”, e da alegria: “Para que serve?” Ponderei seriamente entregar meu corpo ao vinho, mantendo meu coração sob a influência da sabedoria, e render-me à insensatez, para averiguar o que convém ao homem fazer debaixo do céu durante os dias contados da sua vida. Fiz obras magníficas: construí palácios para mim, plantei vinhedos, fiz jardins e parques onde plantei árvores frutíferas de toda espécie. Construí reservatórios de água para regar as árvores novas do bosque. Adquiri escravos e escravas, tinha criadagem e possuía muitos rebanhos de vacas e ovelhas, mais do que os meus predecessores em Jerusalém. Acumulei também prata e ouro, as riquezas dos reis e das províncias. Escolhi cantores e cantoras e todo o luxo dos homens, uma dama, damas. Ultrapassei e avantajei-me a todos quantos me precederam em Jerusalém, e a sabedoria permanecia junto a mim. Ao que os olhos me pediam nada recusei, nem privei meu coração de alegria alguma; sabia desfrutar de todo o meu trabalho, e esta foi minha porção em todo o meu trabalho.

Então examinei todas as obras de minhas mãos e o trabalho que me custou para realizá-las, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nada havia de proveitoso debaixo do sol. Pus-me então a examinar a sabedoria, a tolice e a insensatez. Que fará o sucessor do rei? O que já haviam feito. Observei que a sabedoria é mais proveitosa do que a insensatez, assim como o dia é mais que as trevas: O sábio tem os olhos na cabeça, mas o insensato caminha nas trevas.

Porém compreendi que ambos terão a mesma sorte. Por isso disse em mim mesmo: “a sorte do insensato também será a minha; para que então me tornei sábio?” Disse em mim mesmo: “Isto também é vaidade”.

Não há lembrança durável do sábio e nem do insensato, pois, nos anos vindouros tudo será esquecido: o sábio morre com o insensato. Detesto a vida, pois vejo que a obra que se faz debaixo do sol me desagrada: tudo é vaidade e correr atrás do vento.



Ecl 2, 1-17