quarta-feira, 15 de maio de 2013

HISTÓRIA DA INTELIGÊNCIA BRASILEIRA



Da história para a economia, as relações eram marcadas pelo clássico British Preëminence in Brazil: Its Rise and Decline, de Alan K. Manchester, mais os Ensaios de Política Econômica, de Orlando M. Carvalho; Problemas de Administração, de João Pandiá Calógeras; O Problema da Alimentação no Brasil, de Josué de Castro (1907-1973), e Educação e Latifúndio, tese de Carlos Lacerda (1914-1977).

Nas letras jurídicas, nacionais e internacionais: O Direito Aplicado, pareceres, decisões e comentários, de James Portugal Macedo; Tratado de Direito Internacional Público, de Hildebrando Acióli; A Questão de Letícia, por Lindolfo Collor, a que podemos juntar, para registro, Julho de 1914, de Emil Ludwig, em tradução de Mário dee Sá, e Brazilian Adventure, de Peter Fleming, publicado em Nova York.

Pelos Novos Discursos e Conferências,, de Rui Barbosa, coligidos e revistos por Homero Pires, chegamos, finalmente, à literatura propriamente dita, que ia da prosa de Guilherme de Almeida, O Meu Portugal, a mais um volume de Crítica,de Humberto de Campos, ao lado dos Vultos da Literatura Brasileira, de Heitor Moniz; O Mar através de Baudelaire e Valéry, de Félix Pacheco; Estética dos Sons, Cores, Ritmos e Imagens, de Albino Esteves, e Evolução da Prosa Brasileira, de Agripino Grieco.

As Conversas ao Pé do Fogo, de Cornélio Pires, que datavam de 1921, saíram em nova edição, juntamente com Chorando e Rindo, e De Roupa Nova; no volume de Poesias Humorísticas, Bastos Tigre incluiu a sua tradução do famoso soneto de Arvers:

Guardo um segredo n’alma e um mistério na vida,
Imorredouro amor que irrompeu de momento,
Se o mal é sem remédio, a queixa é descabida
E a que me fez o mal, nunca ouviu meu lamento.

Por ela já passei ― sombra despercebida,
E ao meu lado a sentir, no meu isolamento!
Ao termo chegarei dessa terrena lida,
E não ouso pedir, e receber não tento.

Quanto a ela, apesar da doçura e carinho
Com que Deus a dotou, seguirá seu caminho,
Sem ouvir que a acompanha um murmúrio de amor...

E, fiel ao seu dever que austeramente zela,
Ela dirá, lendo os meus versos plenos dela:
― “O soneto de Arvers tem mais um tradutor!”

A abundância de traduções que vinha assinalando pelos tempos afora a glória de Arvers só se comparava à abundância com que, nesse ano pesado de crises e inquietações, continuavam a sair as coletâneas de poesias, todas no estilo mais tradicional e nem todas, realmente, pertencendo à literatura: em segunda edição, Casa Destelhada, de Rodrigues de Abreu; Poemas de Ontem e de Hoje, de Mário Vilalva; Poemas em Sonetos, de Pedroso Rodrigues; Festa de Luz e de Cor, de Dâmaso Rocha;


Wilson Martins
História da Inteligência Brasileira
vol. VII (1933-1960)
Cultrix. Editora da Universidade de São Paulo.
São Paulo, SP. 1ª edição. 1979.