quarta-feira, 8 de agosto de 2012

UM APRENDIZ DE FEITICEIRO


O SOL É GRANDE

Em mim germina a vida cá por dentro,
como o trigo nos campos, nos trigais.
Em cada canto há um cântico de pássaros.
Até nos mais sombrios, até nos mais desertos,
há esta luz que chama e me fascina,
que me quer para mais e sempre mais.

Contudo, por que a chuva já não desce
para acalmar estes campos tão rebeldes?
Por que tudo se faz seco e esmorece,
por que tudo se cala e já não cresce
o verdor nestes áridos desertos?

Falta, é certo, o calor que não sinto
de alguém que veio e já não é. Desperto
daquele sonho germinal que vi
já não sei quem sou e a vida, aberta,
como veia, se derrama, se dispersa
pelas pedras inseminadas do deserto.


1974