A
torre de marfim, a torre alada,
esguia
e triste sob o céu cinzento,
corredores
de bruma congelada,
galerias
de sombras e lamentos.
A
torre de marfim fez-se esqueleto
e
o esqueleto desfez-se num momento.
Ó!
não julgueis as coisas pelo aspecto
que
as coisas mudam como muda o vento.
E
com o vento revive o que era inerme.
Os
peixes também podem criar asas
as
asas brancas podem gerar vermes.
Olhei
a torre de marfim exangue
e
vi a torre transformar-se em brasa
e
a brasa rubra transformar-se em sangue.
Jorge
de Lima
Livro
de Sonetos