Com a criação do Ministério do Trabalho, em 1930,
cogitou-se também de instituir os Tribunais do Trabalho; Américo Palha ataca o Brasil Errado, de Martins de Almeida,
por conter injúrias à memória de Rui Barbosa, mas uma grande parte do volume é
consagrada a problema diferente: reivindicar
revogação da “lei infame” votada em 1922 e que restringia a liberdade de
imprensa (era, aliás, um dos tópicos no programa da Aliança Liberal). Ele
aplaude, ainda, o programa de ensino cívico e “sistematizado da brasilidade”
preconizado por uma associação patriótica fundada em 1919 sob a denominação de
Propaganda Nativista. Dela faziam parte Álvaro Bomílcar, Arnaldo Damasceno
Vieira, Jackson de Figueiredo, Castro Lopes e Tasso da Silveira, mas, “por
motivos que não vêm a propósito citar, a Propaganda Nativista encerrou, em
pouco tempo, o seu ciclo de existência”.
De fato, o nacionalismo fervente é uma característica não
só do livro de Américo Palha, mas, ainda, desse momento da vida brasileira. É
ele que explica, antes e acima de tudo, a inegável atração que o Integralismo
exerceu sobre largos segmentos da juventude e dos intelectuais, assim como,
reciprocamente, é à indefinição nacionalista que devemos atribuir a morte
puerperal da Constituição de 1934. Tomemos, como exemplo paradigmático, o caso
de Abdias do Nascimento. Nascido em 1914, apresentou-se para o serviço militar
como voluntário em 1930, mas, segundo narra nas Memórias do Exílio, “antes mesmo de sair do exército, já me
alistara no movimento integralista!”. E esclarece:
As lutas nacionalistas
e antiimperialistas, a oposição ao capitalismo e à burguesia, foram os temas
que me atraíram para as fileiras integralistas. Etapa importante da minha vida.
No integralismo, foi onde pela primeira vez comecei a entender a realidade
social, econômica e política do país e as implicações internacionais que o
envolviam. A juventude integralista estudava muito e com seriedade. Encontrei e
conheci pessoas de primeira qualidade como um San Tiago Dantas, Gerardo Melo
Mourão ou Roland Corbisie; assim como um Rômulo de Almeida, Lauro Escorel,
Jaime de Azevedo Rodrigues (falecido), o bravo embaixador brasileiro num país
europeu que se demitiu da carreira após o golpe militar de 1964; ou ainda D.
Hélder Câmara, Ernâni da Siva Bruno, Antônio Galloti, M;. Mazei Guimarães e
muitos outros. Conheci bem de perto o chefe integralista Plínio Salgado de quem
em certa época fui amigo.
Wilson Martins
História da Inteligência Brasileira
vol. VII (1933-1960)
Cultrix. Editora da Universidade de São Paulo.
São Paulo, SP. 1979.