terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

UM APRENDIZ DE FEITICEIRO



POEMA DE ADALGISA

Deparo Adalgisa nua
numa vereda sem fim.
Uma pergunta demora
na flor que vem da memória
de um tempo que já não sei.
Se é o Sol, redonda Lua,
Você é Diadorim?

Adalgisa,
Você é Diadorim?

O Aquele que suja o olho,
turvação ou torvelim?

Relâmpago que, repentino,
meu sertão, meu estopim,
chicote que eletriza
relincho que corta a noite
do corcel que há em mim?

Madrugada sertaneja,
São Francisco e passarim,
estrela que pinta ao longe
a infância já morta em mim?

Seria a luz, o da-Guarda,
turvação ou Diadorim?

Neblinas que sobem finas,
janelas e buritis,
paisagens e alegrias,
impossíveis serafins!

Milsombras — cisco no olho,
comigo me desavim...

Ai, sertaneja, corisca,
você é Diadorim?


1985.