sábado, 2 de fevereiro de 2013

PANEM NOSTRUM



Era um tempo de olhares alternados
em que dois entes ou anjos, curiosos
me fitavam das trevas ou de cima,
dias e noites, duros, obstinados.

Livraram-me dos seres entranhados
em nós, uns mansos e outros tumultuosos
transmitidos de sangues e de climas,
da vida extinta dos antepassados.

Esperaram que me fizesse poeta
para dissimular seus graves rostos
e me espreitaram hoje disfarçados.

E eis que deixando essa órbita secreta:
lançam ao poema risos e desgostos,
gritam em torno, chamam-me dos lados.


Jorge de Lima
Livro de Sonetos