Nunca gostei de ti, nunca te amei,
cidade
sem graça e sem horizontes,
ou
quase, se a graça, se o teu horizonte
é
só a parede, muralha sem fim,
o
azul infinito, que melhor se desdobra
da
banda de lá, país do das-Velhas,
que
escorrega seu barro, sem pressa, feliz.
Já
faz tanto tempo que a gente convive,
são
anos e anos, cinqüenta talvez,
fiéis
um ao outro, pesar do que sinto,
e,
assim como assim, então nos juntamos
num
abraço mortal que o tempo sem fim
vai
fazer perdurar no teu ventre deserto,
sem
flores, jasmins, sem estrelas, de ferro.
3/10/98.