quarta-feira, 14 de novembro de 2012

UM APRENDIZ DE FEITICEIRO


Nunca gostei de ti, nunca te amei,
cidade sem graça e sem horizontes,
ou quase, se a graça, se o teu horizonte
é só a parede, muralha sem fim,
o azul infinito, que melhor se desdobra
da banda de lá, país do das-Velhas,
que escorrega seu barro, sem pressa, feliz.

Já faz tanto tempo que a gente convive,
são anos e anos, cinqüenta talvez,
fiéis um ao outro, pesar do que sinto,
e, assim como assim, então nos juntamos
num abraço mortal  que o tempo sem fim
vai fazer perdurar no teu ventre deserto,
sem flores, jasmins, sem estrelas, de ferro.


3/10/98.