quarta-feira, 21 de novembro de 2012

OS INCONFIDENTES



Auto de exame, achada, e separação feita nos papéis apreendidos ao Tenente-Coronel Domingos de Abreu Vieira.

Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil e setecentos e oitenta e nove, aos vinte e seis dias do mês de maio do dito ano, nesta Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto e casas de morada do Tenente-Coronel Domingos de Abreu Vieira, onde foi vindo o Doutor Desembargador Pedro José Araújo de Saldanha, Ouvidor Geral de Corregedor desta Comarca, Juiz nomeado para a presente diligência, comigo o Bacharel José Caetano César Manitti, Ouvidor e Corregedor da do Sabará, também nomeado Escrivão da mesma, ambos por Portaria do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Visconde de Barbacena, Governador e Capitão General desta Capitania, e sendo aí, por ele dito Ministro, foram miúda e exatamente examinados todos os papéis e correspondências que se encontraram que se acharam do referido tenente-coronel, a fim de se averiguar se entre eles aparecia algum que fosse suspeitoso, ou que direta ou indiretamente respeitasse ao fim por que se mandou proceder a presente diligência, tudo por ordem do dito Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor constante da Portaria junta; e praticado efetivamente o mencionado exame, entre os ditos papéis e correspondências se encontraram as duas cartas ao diante juntas e aqui autuadas, escritas ambas do Arraial do Tejuco, Comarca do Serro do Frio, ao dito tenente-coronel pelo Padre José da Silva e Oliveira Rolim; a primeira datada de trinta de março; e a segunda de vinte de abril do corrente ano; achando-se nas costas das mesmas lembrança escrita do tempo do seu recebimento e respostas, cujas cartas vão por mim rubricadas, e porque as mesmas se fazem pelo seu conteúdo muito suspeitosas, para sobre elas se proceder às averiguações competentes, mandou o dito Ministro separá-las  e de tudo, para assim constar, fazer este auto de exame, achada e separação, em que assinou comigo, Escrivão nomeado; e eu, o Bacharel José Caetano César Manitti, o escrevi e assinei.

Saldanha   — José Caetano César Manitti