Sinto-me
salivado pelo Verbo,
rodeado
de presença e mensagens,
de
santuários falhados e de quedas,
de
obstáculos, de limbos e de muros.
Furo
as noites e vejo-te, Solstício,
ou
recolho-me ao âmago das coisas,
renovo
um sacrifício expiatório,
lavo
as palavras como lavo as mãos.
Esta
é a zona sem mar e sem distância,
solidão-sumidouro,
barro-vivo,
barro
em que reconstruo sangues e vozes.
Não
quero interromper-me nem findar-me.
Desejo
respirar-me no Teu sopro,
aparecer-me
em Ti, continuado.
Jorge
de Lima
Livro
de Sonetos