Vila
Rica, Cadeia, 28 de maio de 1789.
Declaro
que o que disse aos Ministros, quando ontem falaram comigo, foi que tinha
ouvido falar no levante ao Alferes Joaquim José, Tiradentes, e também ao Padre
José da Silva quando foi meu hóspede, que eram ambos muito amigos; e que em
certa ocasião me contaram que, quando se pusesse a derrama, estava justo um
levante; e que para isto havia de dar o Alvarenga quatrocentos homens; e que no
mesmo entrava o Vigário de São José do Rio das Mortes, que havia de aprontar
gente das partes de São Paulo; e que o Gonzaga entrava nisto aconselhando e se
ajuntava com eles em uma casa para a banda do Ouro Preto, o que disseram o
Tiradentes e o Padre José da Silva; que também haviam pedir cartas ao
Desembargador Gonzaga para entrar nisto seu primo, Ouvidor do Serro; e que uma
vez fui eu encontrar o Tiradentes e o Padre a conversar no levante, estando
presente o Tenente-Coronel Francisco de Paula; e que outra vez me pediram que
mandasse vir alguns barris de salitre, o que eu não consenti, nem queria se
falasse no meu nome; e isto foi o que eu disse ontem, e não sei se disse mais
alguma coisa que me não lembra, porque os Ministros falaram muito comigo. E
protesto dizer tudo o que mais me for lembrando, e se eu soubera que isto era
tão necessário dizer-se logo, portanto o dissera a Vossa Excelência, pois sou
um homem velho e não quero andar em semelhantes desordens.
Cadeia,
28 de maio de 1789.
Domingos de Abreu Vieira
Reconheço
a letra da carta retro, seu adicionamento, e firmas ser tudo escrito pelo
próprio punho do Tenente-Coronel Domingos de Abreu Vieira, pelo ver fazer na
minha presença. Vila Rica, 28 de maio de 1789.
José
Caetano César Manitti