Manuelzão,
ali perante, vigiava. A cavalo, as mãos cruzadas na cabeça da sela, dedos
abertos; só com o anular da esquerda prendia a rédea. Alto, no alto animal, ele
sobrelevava a capelinha. Seu chapéu-de-couro, que era o mais vistoso, na
redondeza, o mais vasto. Com tanto sol, ee conservava vestido o estreito
jaleco, cor de onça-parda. Se esquecia. “Manuel Jesus Rodrigues” — MANUELZÃO J.
ROÍZ — : gostaria pudesse ter escrito também, debaixo do título da Santa,
naquelas bonitas letras azuis, com o resto da tinta que, não por pequeno preço,
da Pirapora mandara vir. Queria uma festa forte, a primeira missa. Agora, por
dizer, certo modo, aquele lugar da Samarra se fundava.
João
Guimarães Rosa
Uma
Estória de Amor
(Festa
de Manuelzão)
em
Corpo de Baile (Sete Novelas) – 1º vol.
José
Olympio. Rio de Janeiro.
1ª
edição. 1956.