Sobre
que se sabia o mais forte, dava de ombros, entretanto, assoado. Sua animação o
levava, crescente. Não que descuidasse, por uma hora sequer, o governo do mundo
dali: determinar aos campeiros e agregados a fazeção de cada dia. Mas, desde uns dois meses, quando principiara, media rude impulso, o fervor que o influía
era aquele. Primeiro, ter a capelinha pronta — uma ação durável, certa. Daí,
gastando um prazerzinho, tomara fôlego. Mas não bastava. Carecia da sagração, a
missa. A festa, uma festa! Por si, ele nunca dera uma festa. Talvez mesmo nunca
tivesse apreciado uma festa completa. Manuelzão, em sua vida, nunca tinha
parado, não tinha descansado os gênios, seguira um movimento só. Agora, ei,
esperava alguma coisa.
João
Guimarães Rosa
Uma
Estória de Amor
(Festa
de Manuelzão
em
Corpo de Baile
(sete
novelas) – 1º vol.
José
Olympio. Rio de Janeiro.
1ª
edição. 1956.