sexta-feira, 7 de setembro de 2012

EMANUEL E FEDERICO



Sobre que se sabia o mais forte, dava de ombros, entretanto, assoado. Sua animação o levava, crescente. Não que descuidasse, por uma hora sequer, o governo do mundo dali: determinar aos campeiros e agregados a fazeção de cada dia. Mas, desde uns dois meses, quando principiara, media rude impulso, o fervor que o influía era aquele. Primeiro, ter a capelinha pronta — uma ação durável, certa. Daí, gastando um prazerzinho, tomara fôlego. Mas não bastava. Carecia da sagração, a missa. A festa, uma festa! Por si, ele nunca dera uma festa. Talvez mesmo nunca tivesse apreciado uma festa completa. Manuelzão, em sua vida, nunca tinha parado, não tinha descansado os gênios, seguira um movimento só. Agora, ei, esperava alguma coisa.


João Guimarães Rosa
Uma Estória de Amor
(Festa de Manuelzão
em Corpo de Baile
(sete novelas) – 1º vol.
José Olympio. Rio de Janeiro.
1ª edição. 1956.