CAVALO LÍRICO
O cavalo feiticeiro,
noivo das noites gerais,
era nas eras de paz,
escarvando escuridão.
Ao longe potros vermelhos,
ágeis e finos comparsas,
agitam crinas selvagens
pelas bodas do corcel.
Dois holofotes na noite,
as baionetas acesas
da testa semilunada
cravadas em solidão.
Os rastros brancos no encalço,
este cavalo é Saturno,
violentador dos carvões
da noite-mar violeta.
De negrura se tecia
a fazenda de seu manto
e no porte era a magia
da tristeza deste canto.
suplemento cultural de “o diário”/ bh
15/7/60