sábado, 8 de junho de 2013

PANEM NOSTRUM



Amigos, deixai-me ir tranqüilo. Vou
com uma escolta perdida. Pois, perdi-a.
Então: perdi-a. Sou exilado ou
um ser que foi. Agora para onde ia?

Nem sei, pois minha escolta regressou
vencida e sem paz. Vai longe esse dia.
Foi quando o meu destino começou
e perdi a asa que me protegia.

Amigos, deixai-me ir tranqüilo, pois,
com meu ar de sonâmbulo perdido,
guerreiro andante sem o seu cavalo.

Por que afinal sem dó sofrerem dois?
Um como um anjo inválido, banido,
e o outro (o árdego animal) a acompanhá-lo?


Jorge de Lima

Livro de Sonetos