domingo, 30 de junho de 2013
sábado, 29 de junho de 2013
sexta-feira, 28 de junho de 2013
A ARMADILHA
A armadilha, como a chamaram os
jornais, em que caiu e morreu um jovem trabalhador, além de várias outras
quedas com conseqüências hospitalares diversas, é uma prova contundente da
inteligência dos atuais engenheiros brasileiros.
Vejo isto como conseqüência do
estudo exclusivo de matemática, esta inimiga da formação integral ― lembrem-se
da atitude do pai de Pascal ― e é, portanto, um elemento altamente
burrificador.
Sou a favor da retirada da
matéria do currículo dos estudos normais de segundo grau. Que ela vá para os
cursos exclusivamente técnicos e para os cursos de engenharia.
Mais um pouco de humanismo e
vidas preciosas talvez fossem salvas.
Talvez fosse bom lembrar aqui que
nunca tiveram nenhuma importância para a minha vida a trigonometria e os mil e um
teoremas com que me torturaram durante o meu ensino médio. Costumam dizer que o
estudo de semelhante estupidez faz o aluno ficar mais inteligente. É um mito idêntico
ao do xadrez. As pessoas se esquecem de que quem joga muito xadrez fica ótimo
em xadrez...
(Do livro que gostaria de
escrever ― Heterodoxias – Ensaios Heréticos)
quinta-feira, 27 de junho de 2013
terça-feira, 25 de junho de 2013
segunda-feira, 24 de junho de 2013
domingo, 23 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
quinta-feira, 20 de junho de 2013
quarta-feira, 19 de junho de 2013
terça-feira, 18 de junho de 2013
AS COPAS PARA OS EUROPEUS
POR QUE A EUROPA NÃO GUARDA PARA SI AS COPAS DE FUTEBOL E AS
OLIMPÍADAS? DINHEIRO É O QUE LÁ NÃO FALTA, COM A PIRATARIA E OS ASSALTOS QUE
REALIZOU EM TODO O MUNDO NOS ÚLTIMOS QUINHENTOS ANOS! FORA FIFA! FORA OLIMPÍADAS!
segunda-feira, 17 de junho de 2013
MOVIMENTO POPULAR CONTRA AS COPAS
MEU APOIO INTEGRAL AO MOVIMENTO
POPULAR CONTRA AS COPAS, NESTE PAÍS DA MISÉRIA, DA FOME, DA INEXISTÊNCIA DE
EDUCAÇÃO, DO DESCASO COM A SAÚDE E COM A SEGURANÇA PÚBLICA (O BRASIL, ONDE A JUSTIÇA É UMA FARSA, É UM DOS PAÍSES MAIS VIOLENTOS DO MUNDO).
TURISTAS DO ESPORTE, CUIDADO, SE
ESTÃO PENSANDO EM VIR AO BRASIL PARA COPAS, OLIMPÍADAS, ETC. O BRASIL ESTÁ NAS
RUAS CONTRA A GASTANÇA COM ESTÁDIOS MONUMENTAIS E VILAS OLÍMPICAS DE LUXO PARA
IMPRESSIONAR OS COLONIALISTAS LADRÕES E ASSASSINOS.
domingo, 16 de junho de 2013
NÃO É MOTOR DE TUDO E NOSSA ÚNICA / FONTE DE LUZ, NA LUZ DE SUA TÚNICA?
LOS
AMANTES
?Quién
los ve andar por la ciudad
si
están todos ciegos?
Ellos
se toman de la mano: algo habla
entre
sus dedos, lenguas dulces
lamen
la húmeda palma, corren por las falanges,
y
arriba está la noche llena de ojos.
Son los amantes, su isla flota a la deriva
hacia
muertes de césped, hacia puertos
que
se abren entre sábanas.
Todo
se desordena a través de ellos,
todo
encuentra su cifra escamoteada;
pero
ellos ni siquiera saben
que
mientras ruedan en su amarga arena
hay
una pausa en la obra de la nada,
el
tigre es un jardín que juega.
Amanece
en los carros de basura,
empiezan
a salir los ciegos,
el
ministerio abre sus puertas.
Los
amantes rendidos se miran y se tocan
una
vez más antes de oler el día.
Ya
están vestidos, ya se van por la calle.
Y es solo entonces
cuando
están muertos, cuando están vestidos,
que
la ciudad los recupera hipócrita
y
les impone los deberes cotidianos.
Julio
Cortázar
sábado, 15 de junho de 2013
"CAUSO"
Usando uma expressão do Ancelmo, de O Globo, "causo", a respeito de Guimarães Rosa, é o cacete.
sexta-feira, 14 de junho de 2013
quinta-feira, 13 de junho de 2013
quarta-feira, 12 de junho de 2013
UM APRENDIZ DE FEITICEIRO
POEMA
Sobrenadando
em espirais de sangue,
a
ânfora derrama óleo e brande sabres,
lançando
dardos na cruz meridional,
que
dardos, porém, nesta secura
são
deste cravo amargo em carne crua:
o
vértice, o vórtice, a vírgula do dia
flui
de branda rosa em rosa murcha
e
atira a lança em pungente retrocesso
para
tanger esta paixão ao meio-dia.
“Diário
de Minas”, 3/5/59.
terça-feira, 11 de junho de 2013
OTELO E SANT'IAGO
SEM
FALTA
Quando
voltei a casa era noite. Vim depressa, não tanto, porém, que não pensasse nos
termos em que falaria ao agregado. Formulei o pedido de cabeça, escolhendo as
palavras que diria e o tom delas, entre seco e benévolo. Na chácara, antes de
entrar em casa, repeti-as comigo, depois em voz alta, para ver se eram
adequadas e se obedeciam às recomendações de Capitu. “Preciso falar-lhe, sem falta, amanhã; escolha o lugar e
diga-me”; Proferi-as lentamente, e mais lentamente ainda as palavras sem falta, como para sublinhá-las.
Repeti-as ainda, e então achei-as secas demais, quase ríspidas, e, francamente,
impróprias de um criançola para um homem maduro. Cuidei de escolher outras, e
parei.
Afinal
disse comigo que as palavras podiam servir, tudo era dizê-las em tom que não
ofendesse. E a prova é que, repetindo-as novamente, saíram-me quase súplices.
Bastava não carregar tanto, nem adoçar muito, um meio-termo. “E Capitu tem razão,
pensei, a casa é minha, ele é um simples agregado. Jeitoso é, pode muito bem
trabalhar por mim, e desfazer o plano de mamãe.”
Machado
de Assis
Dom
Casmurro
segunda-feira, 10 de junho de 2013
sábado, 8 de junho de 2013
PANEM NOSTRUM
Amigos,
deixai-me ir tranqüilo. Vou
com
uma escolta perdida. Pois, perdi-a.
Então:
perdi-a. Sou exilado ou
um
ser que foi. Agora para onde ia?
Nem
sei, pois minha escolta regressou
vencida
e sem paz. Vai longe esse dia.
Foi
quando o meu destino começou
e
perdi a asa que me protegia.
Amigos,
deixai-me ir tranqüilo, pois,
com
meu ar de sonâmbulo perdido,
guerreiro
andante sem o seu cavalo.
Por
que afinal sem dó sofrerem dois?
Um
como um anjo inválido, banido,
e
o outro (o árdego animal) a acompanhá-lo?
Jorge
de Lima
Livro
de Sonetos
sexta-feira, 7 de junho de 2013
G. RAMOS
Pensando
nessas coisas, desci do automóvel, atravessei o pátio, que, em 1930, vira cheio
de entusiasmos enfeitados com braçadeiras vermelhas. Numa saleta, um rapaz me
recebeu em silêncio, conduziu-me a outra saleta onde havia uma cama e desapareceu.
O mulato fez a última viravolta e desapareceu também. À porta ficou um soldado
com fuzil. Evidentemente as minhas reflexões tendiam a justificar a inércia, a
facilidade com que me deixara agarrar. Se todos os sujeitos perseguidos
fizessem como eu, não teria havido uma só revolução no mundo. Revolucionário
chinfrim. Desculpava-me a idéia de não pertencer a nenhuma organização, de ser
inteiramente incapaz de realizar tarefas práticas. Impossível trabalhar em
conjunto. As minhas arma, fracas e de papel, só podiam ser manejadas no
isolamento. No íntimo havia talvez o incerto desejo de provocar a nova justiça
inquisitorial, perturbar acusadores, exibir em tudo aquilo embustes e
patifarias. Essa vaidade tola devia basear-se na suposição de que enxergariam
em mim um indivíduo, com certo número de direitos. Logo ao chegar, notei que me
despersonalizavam. O oficial de dia recebera-me calado. E a sentinela estava
ali encostada ao fuzil, em mecânica chateação, como se não visse ninguém.
Sentado
na cama, o chapéu em cima da valise, abri com o pente as páginas dos três
volumes que trouxera: Território Humano
de José Geraldo Vieira, Gente Nova de
Agripino Grieco e Dois Poetas de
Octávio de Faria. Li a primeira folha do primeiro umas três vezes, inutilmente.
Conservei esses livros muitos meses, acompanharam-me por diversos lugares,
foram remoídos, esfacelaram-se, pulverizaram-se; hoje, com esforço, consigo
recordar algumas passagens de um deles.
Nada
afinal do que eu havia suposto: o interrogatório, o diálogo cheio de alçapões,
alguma carta apreendida, um romance com riscos e anotações, testemunhas,
sumiram-se. Não me acusavam, suprimiam-me. Bem. Provavelmente seria inquirido
no dia seguinte, acareado, transformado em autos. Que horas seriam? Estirei-me
no colchão, vestido, o livro de José Geraldo aberto sobre o estômago vazio. Em
jejum desde manhã, mas isto apenas me causava uma vaga tontura e escurecia a
vista. E concorria talvez para dificultar a compreensão do texto. Virando a
cabeça, percebia à esquerda o soldado imóvel. Essa precaução me parecia tão
burlesca e tão estúpida que interrompia a leitura vã, ria-me, apesar de tudo.
Sentava-me, acendia um cigarro. Naturalmente não havia cinzeiro, esses luxos de
civilização tinham desaparecido. Burlesco. Recebera a notícia ao meio-dia,
lavara-me, vestira-me, lera dois telegramas desaforados, conversara só com
minha mulher e com d. Irene. Tinham-me feito esperar sete horas. E ali estava
com sentinela à vista. Para quê? Não era mais simples trancarem a porta? Aquele
dispêndio inútil de energia corroborava o desfavorável juízo que eu formara da
inteligência militar. De novo me deitava, pegava a brochura, soltava-a, cobria
os olhos com o chapéu por causa da luz, tornava a levantar-me, acendia outros
cigarros. Já no cimento se acumulavam pontas. Nenhum relógio na vizinhança.
Apenas os indeterminados rumores noturnos da caserna: um apito, vozes remotas,
confusas. O sujeito firme, encostado ao fuzil. Iria passar ali a noite, dormir
em pé? Eu não tinha sono, mas ele, coitado, com certeza engolia bocejos,
amolava-se; Enfim que significação tinha aquilo? Pretenderiam manifestar-me
deferência, considerar-me um sujeito pernicioso demais, que era preciso vigiar,
ou queriam apenas desenferrujar as molas de um recruta desocupado? Compreenderia
ele que era uma excrescência , ganhava cãibras à toa, equilibrando-se ora numa
perna, ora noutra? Se não fosse obrigado a desentorpecer-se e dar-me um tiro em
caso de fuga, aquela extensa vigília só tinha o fim de embrutecê-lo na
disciplina.
Graciliano
Ramos
Memórias
do Cárcere
1º
volume. 1ª parte. Viagens.
José
Olympio. Rio de Janeiro.
1ª
edição. Obra póstuma. 1953.
quarta-feira, 5 de junho de 2013
MACHADO
Entre
o reino metafísico da vontade, insaciável e contínua no seu movimento, e o
homem perdido na terra, sob o governo de Satanás, a coerência não se forma
necessariamente no campo do pessimismo. Machado de Assis, ferido por outra
trajetória, não se dobra, servilmente, ao comando de Schopenhauer. Ele, o
escritor carioca, vê a cena final do homem como um baile de máscaras, quando os
mascarados se retiram, calada a música, reconquistada a fisionomia real. Porque
nem por ser o homem a presa do pecado, há de entregar-se só à dor. Sobre a dor
o espetáculo tem a sua grandeza, diante do céu mudo e do absurdo do destino.
Entre a metafísica e a ética se interpõe um espelho que retrata a luz e a
converte num feixe de novas imagens. A realidade se transfigura não apenas em
outro estilo, com a cor e a tonalidade diversas. Uma concepção, a concepção humorística da vida dota as
coisas e os homens de um eixo novo, capaz de fazê-los circular em torno de
outro centro, devorando a matéria-prima do pessimismo. Da cega vontade que
domina o mundo, e, dentro dele, o homem, pode deduzir-se não só o pessimismo,
como supunha Schopenhauer, mas também a sinfonia ditirâmbica da vida, como
demonstraria Nietzsche. Entre uma e outra conseqüência, na encruzilhada de
caminhos possíveis, o humorismo sombreia a dúvida, parecendo tudo afirmar ao
tempo que tudo nega. Schopenhauer, na sua visão metafísica e especulativa,
despreza as provas de felicidade do cotidiano: a felicidade não passa de
momentâneo fenômeno negativo, da provisória cessação da dor. Ele viu o
espetáculo e não quer enganar-se, depois do baile de máscaras só há o homem nu,
dentro do universo. Para o humorista há a realidade e o espetáculo, em dualismo
em que um não nega o outro, peças de um só jogo. Nem o desespero, nem a
tragédia, mas o vestíbulo do desespero e da tragédia, o homem diante do
absurdo, do fluir sem sentido da eternidade, na luta para perseguir valores
impossíveis de se concretizarem na limitada gaiola do mundo. Se o Diabo domina
a cena, isto sugere que o seu contrário está presente, insinuando que perdeu o
comando da alma humana, com a dilaceração dos ideais. Melancólico ou burlesco,
Swift ou Rabelais, há lugar, na visão humorística da vida, para todos os
temperamentos. A terra que alimenta a planta tem muitos elementos ― pessimismo, ceticismo, otimismo ―, mas a
árvore é uma só. No eterno vir-a-ser da vida, busca o humorista as formas
permanentes, conceitos, idéias, valores, para, sentindo-os viver, descobrir a
inanidade de tudo, na carência dos fins, na nudez da paisagem. O pretensioso
rei da criação percebe que a fantasmagoria é infinita, graças à minuciosa
análise que tudo decompõe, deixando as engrenagens à vista, na incoerência
universal. O mundo se despe de sua solenidade, varrido por dois furacões
opostos, a chama perene que o faz vibrar e o pequeno capricho que ergue o homem
do pó à ilusão. A espada de Napoleão vale tanto, ou menos, do que o espadim que
alimenta a vaidade do menino ou dos graves senhores do mundo (M.P., XII). A dor
universal e a universal bondade de todas as coisas, nessa perspectiva de
contrários, se entredevoram. No final, visto o mundo dentro do baile de
máscaras, “todas as coisas são boas, omnia
bona” (Q. B., X). À luz das estrelas indiferentes, só há figurantes
enganados, para os quais a terra foi inventada para o recreio do homem. Só há
uma desgraça, para quem se compraz com a festa, e é não nascer (M. P., CXVII).
“Ânimo, Brás Cubas, não me seja palerma. Que tens tu com essa sucessão de ruína
a ruína ou de flor a flor? Trata de saborear a vida; e fica sabendo que a pior
filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de
lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca;
acomoda-te com a lei e trata de aproveitá-la (M. P., CXXXVII). O nada, que
espera o grande lascivo, tem a sua volúpia, mais do que a negação da dor, a
própria felicidade de quem vê e não se revolta com o espetáculo. Dentro da
casca do riso não há só a dor, também dentro da casca da dor pode haver o riso,
no dualismo inconciliável da contemplação humorística da terra, de sua força e
da sua miséria.
Raymundo
Faoro
Machado
de Assis:
A
Pirâmide e o Trapézio
Globo.
Rio de Janeiro.
3ª
edição. 1988.
terça-feira, 4 de junho de 2013
segunda-feira, 3 de junho de 2013
OS NOVOS INCONFIDENTES
BANIMENTO
Aderval
Alves Coqueiro
Afonso
Celso Lana Leite
Afonso
Junqueira de Alvarenga
Almir
Dutton Ferreira
Altair
Lucchesi Campos
Aluízio
Ferreira Palmar
Ângelo
Pezzuti da Silva
Antõnio
Expedito Carvalho Pereira
Antônio
Rogério Garcia Silveira
Antônio
Ubaldino Pereira
Apolônio
Pinto de Carvalho
Argonauta
Pacheco da Silva
Aristenes
Nogueira de Almeida
Armando
Augusto Vargas Dias
Bruno
Dauster Magalhães e Silva
Bruno
Piola
Carlos
Bernardo Vainer
Carlos
Eduardo Pires Fleury
Carlos
Frederico Faial de Lira
Carlos
Minc Baunfeld
Carmela
Pezzutti
Christóvão
da Silva Ribeiro
Cid
Queiroz Benjamim
Conceição
Imaculada de Oliveira
Damaris
de Oliveira Lucena
Daniel
Aarão Reis Filho
Daniel
José de Carvalho
Darcy
Rodrigues
Delci
Fensterseifer
Derly
José de Carvalho
Diógenes
José Carvalho de Oliveira
Domingos
Fernandes
Dulce
de Souza
Edmauro
Gopfert
Edmur
Péricles Camargo
Elinor
Mendes Brito
Encarnación
Lopes Perez
Eudaldo
Gomes da Silva
Fausto
Machado Freire
Fernando
Nagle Gabeira
Flávio
Aristides Freitas Tavares
Flávio
Roberto de Souza
Francisco
Roberval Mendes
Geny
Cecília Piola
Gregório
Bezerra
Gustavo
Buarque Schiller
Ieda
dos Reis Chaves
Irani
Campos
Ismael
Antônio de Sousa
Ivens
Machetti de Monte Lima
Jairo
José de Carvalho
Jayme Walwitz Cardoso
Jean Marc Frederic Charles Von
Der Weid
Jeovah
de Assis
João
Batista Rita
João
Carlos Bona Garcia
João
Leonardo da Silva Rocha
Joaquim
Pires Cerveira
Joel
José de Carvalho
Câmara
dos Deputados
Publicação
em Homenagem às Vítimas da Ditadura
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