OURO
PRETO
Trinta
e um ano depois desta luctuosa tragedia, outro movimento politico annunciava a
proxima independencia do Brasil.
O
Sr. D. João VI abandonando Portugal aos francezes retirou-se para o Rio de
Janeiro.
Posteriormente
tendo recebido a noticia de que Portugal expulsando heroicamente o estrangeiro,
seguio o exemplo da Hespanha adoptando as bases da Constituição jurada neste
paiz, embarcou-se e voltou para alli.
O
Brasil cançado já de soffrer aproveitou o ensejo, e tratou de fazer-se
participante do acto dos portuguezes, adherindo ao movimento politico que tão
asadamente se prestou ás suas aspirações.
Em
casa de José Maria Pinto Peixoto reunirão-se diversos cidadãos, e combinarão o
plano do movimento que no dia seguinte manifestou-se.
Peixoto
que era então tenente-coronel gozava de muito respeito entre a tropa, de quem
era instructor, e conseguiu pô-la em movimento nessa mesma noite; mandou
arrombar as portas do palácio, em que se havia inserrado D. Manoel de Portugal
e Castro, tirou as peças e assestou-as na boca das ruas que terminão na praça.
Quando
romperão as barras do dia essa praça estava apinhada de povo que dava vivas á
Constituição, e reclamava a eleição do governo provisório, e ás nove horas do
dia a Camara Municipal empossava os membros dese governo, a cuja frente foi
posto o mesmo D. Manoel, que muito contra sua vontade aceitou a missão.
Assim
foi que se deu o segundo passo para a liberdade do paiz, que há muito
espreitava para isso uma feliz oportunidade.
Inimigo
da nova instituição, não pôde por muito tempo suster-se no poder aquelle
general, e vio-se forçado a sahir de Minas para evitar um processo que se lhe
ia instaurar.
Continuando
a agitação, e não querendo os revoltosos reconhecer o Fundador do Império como
Príncipe Regente, foi elle obrigado a vir a Minas, e fez sua entrada
triumphante nesta capital no dia 9 de Abril de 1822, ás 6 horas da tarde.
Almanack
Mineiro
século
XIX
editado
em Ouro Preto
em
1864.
(Mantida
a ortografia da época).