Testemunha
14ª
Joaquim de Lima e Melo (Joaquim de Lima e Melo, no dia 17/05, visitando à
noite o Dr. Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos, deu a este em primeira mão a
notícia da prisão de Tiradentes no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, em
“embuçado” vinha avisá-lo, ao Dr. Diogo (talvez para que transmitisse o recado
ao padrinho de casamento, Des. Gonzaga, que não encontrara em casa), de que
destruíssem papéis comprometedores e fugissem, se possível, à repressão
iminente. O Dr. Diogo foi preso no dia 27/05 e recolhido à Cadeia Pública.
Deveu-o a Francisco de Paula Freire de Andrade que, tendo sabido da ocorrência
através de Gonzaga, a 19/05, logo após a prisão do ex-Ouvidor deu parte ao
Visconde de Barbacena. Graças a um jogo de adulteração de datas e fatos, de
firme negativa, auxiliado secretamente por Antônio Xavier de Resende e pelo
Ouv. Manitti, o Dr. Diogo seria posto em liberdade no decorrer do mês de julho
e completamente omitido da Devassa em janeiro de 1790. Joaquim L. Melo, por
exemplo, fixa em 22/05 (véspera da prisão de Gonzaga) a notíciaa das prisões,
data em que efetivamente todos em Vila Rica já o sabiam) Capitão do Primeiro
Regimento de Cavalaria Auxiliar desta Vila Rica, natural da Vila de Ponte de
Lima, Arcebispado de Braga, morador nesta mesma Vila Rica, que vive de
escriturário e contador da Real Fazenda, de idade de cinqüenta e oito anos,
testemunha a quem o dito Ministro deferiu o juramento dos Santos Evangelhos em
um livro deles em que pôs a sua mão direita, sub cargo do qual lhe encarregou
dissesse a verdade que soubesse e lhe fosse perguntado, o que assim prometeu
fazer como lhe era encarregado.
E
perguntado ele, testemunha, pelo conteúdo no Auto desta Devassa que todo lhe
foi lido, disse que somente sabe por ouvir dizer em certa ocasião, saindo da
loja do mercador Antônio Ferreira, logo na entrada de um beco ali vizinho, a
uns homens que estavam conversando juntos, e isto na véspera justamente em que foi
preso o Desembargador Gonzaga, que um Alferes do Regimento Pago, por nome
Joaquim José da Silva, por alcunha o Tiradentes, andava dizendo que esta terra
seria bem governada, erigindo-se em república; e que depois ouvira também
dizer, sem se lembrar a quem. que o mesmo Tiradentes recomendara a um homem do
Caminho por nome fulano Pires (Fulano Pires é ainda o mesmo Domingos Peres (ou
Pires) sócio em lavras do Dr. Cláudio Manuel da Costa), que trouxesse bem
pólvora para Minas; e que, sobre a matéria do levante acusado no Auto, não sabe
mais nada, porque a sabê-lo, o delataria dentro do tempo da lei, que ele
testemunha entendia ser espaço de trinta dias; e mais não disse, nem dos
costumes. E sendo-lhe lido o seu juramento, o assinou com o dito Ministro; e eu,
o Bacharel José Caetano César Manitti, Escrivão nomeado, o escrevi.
Saldanha - Joaquim de Lima e Melo