terça-feira, 18 de março de 2014
OS INCONFIDENTES
Testemunha
14ª
Joaquim de Lima e Melo (Joaquim de Lima e Melo, no dia 17/05, visitando à
noite o Dr. Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos, deu a este em primeira mão a
notícia da prisão de Tiradentes no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, em
“embuçado” vinha avisá-lo, ao Dr. Diogo (talvez para que transmitisse o recado
ao padrinho de casamento, Des. Gonzaga, que não encontrara em casa), de que
destruíssem papéis comprometedores e fugissem, se possível, à repressão
iminente. O Dr. Diogo foi preso no dia 27/05 e recolhido à Cadeia Pública.
Deveu-o a Francisco de Paula Freire de Andrade que, tendo sabido da ocorrência
através de Gonzaga, a 19/05, logo após a prisão do ex-Ouvidor deu parte ao
Visconde de Barbacena. Graças a um jogo de adulteração de datas e fatos, de
firme negativa, auxiliado secretamente por Antônio Xavier de Resende e pelo
Ouv. Manitti, o Dr. Diogo seria posto em liberdade no decorrer do mês de julho
e completamente omitido da Devassa em janeiro de 1790. Joaquim L. Melo, por
exemplo, fixa em 22/05 (véspera da prisão de Gonzaga) a notíciaa das prisões,
data em que efetivamente todos em Vila Rica já o sabiam) Capitão do Primeiro
Regimento de Cavalaria Auxiliar desta Vila Rica, natural da Vila de Ponte de
Lima, Arcebispado de Braga, morador nesta mesma Vila Rica, que vive de
escriturário e contador da Real Fazenda, de idade de cinqüenta e oito anos,
testemunha a quem o dito Ministro deferiu o juramento dos Santos Evangelhos em
um livro deles em que pôs a sua mão direita, sub cargo do qual lhe encarregou
dissesse a verdade que soubesse e lhe fosse perguntado, o que assim prometeu
fazer como lhe era encarregado.
E
perguntado ele, testemunha, pelo conteúdo no Auto desta Devassa que todo lhe
foi lido, disse que somente sabe por ouvir dizer em certa ocasião, saindo da
loja do mercador Antônio Ferreira, logo na entrada de um beco ali vizinho, a
uns homens que estavam conversando juntos, e isto na véspera justamente em que foi
preso o Desembargador Gonzaga, que um Alferes do Regimento Pago, por nome
Joaquim José da Silva, por alcunha o Tiradentes, andava dizendo que esta terra
seria bem governada, erigindo-se em república; e que depois ouvira também
dizer, sem se lembrar a quem. que o mesmo Tiradentes recomendara a um homem do
Caminho por nome fulano Pires (Fulano Pires é ainda o mesmo Domingos Peres (ou
Pires) sócio em lavras do Dr. Cláudio Manuel da Costa), que trouxesse bem
pólvora para Minas; e que, sobre a matéria do levante acusado no Auto, não sabe
mais nada, porque a sabê-lo, o delataria dentro do tempo da lei, que ele
testemunha entendia ser espaço de trinta dias; e mais não disse, nem dos
costumes. E sendo-lhe lido o seu juramento, o assinou com o dito Ministro; e eu,
o Bacharel José Caetano César Manitti, Escrivão nomeado, o escrevi.
Saldanha - Joaquim de Lima e Melo
segunda-feira, 17 de março de 2014
COM DEUS E COM O DIABO
MARCHA DA FAMÍLIA, COM DEUS E COM
O DIABO
para a restauração das prisões arbitrárias, dos assassinatos,
dos seqüestros, dos espancamentos, das torturas, dos lançamentos
de corpos em alto mar, dos desaparecimentos, dos estupros, dos danos
morais, da cassação profissional de professores e aviadores militares,
das cassações de mandatos, da
estigmatização de cidadãos pacíficos como
leprosos da Idade Média ou como judeus do regime nazista, da obediência
ao governo de potências estrangeiras:
NO
PASARÁN!
sexta-feira, 14 de março de 2014
FORA FIFA! ENFIE A COPA NAQUELE LUGAR!
Contra a copa dos europeus, falidos e perdidos no mato sem
cachorro. Não venham realizá-la aqui, neste país miserável, roubando o dinheiro
que seria da segurança, da saúde e da educação. FORA FIFA, FORA COPA DA EUROPA!
MINAS GERAIS
MUNICÍPIO
DE OURO PRETO
Pela
ordem de 22 de agosto de 1709 infere-se que Albuquerque deu perdão a Vianna,
porque nella El-Rei censurou o Governador e determinou que o dito Vianna e mais
Bento do Amaral Coutinho fossem logo
presos como cabeças de rebellião.
Pouco
depois desta revolução e por acto de 8 de junho de 1711 foi elevada a povoação
a categoria de Villa com o pomposo título de — rica — em virtude da enorme
quantidade de ouro que tinha produzido seu territorio.
Gosavão
os povos de tranquillidade desde 1709 até 1719, mas baixando o Alvará de ll de
Fevereiro deste anno, e pretendendo o Conde de Assumar crear as casas de
fundição e moeda, de que trata o dito Alvará, 2,000 homens rebelão-se, de
depois de haverem arrasado os alicerces do edifício para esse fim creado,
constrangindo a Camara a marchar á sua
frente, partirão para a cidade Marianna, então villa do Carmo, e obrigarão o
governador a aceitar todas as condições que lhe impuzerão.
(Termo
que se fez sobre a proposta do povo da Villa Rica na ocasião em que veio
amotinado á Villa do Carmo:
“Aos
dois dias do mez de Julho de 1720, nesta Villa Leal de Nossa Senhora do Carmo,
no palacio em que assiste o Exm. Sr. Conde de Assumar D. Pedro de Almeida,
governador e capitão general de Minas, depois de ter buscado todos os meios que
pareceram convenientes para socegar o tumulto do povo de Villa Rica e seu
termo, persistindo em o mesmo intento durante o tempo de cinco dias, e pelas
más consequencias que dahi se seguirião, e por vir todo o povo sobredito a esta
Villa do Carmo com a camara presa e as mais pessoas principaes de sua villa
apresentarem as condições seguintes, a saber:
1ª
Que não consentem em casa de fundição, cunhos e moedas, ao que se lhes
respondeu deferir como pedião.
2ª
Que não consentem em contrato novo algum que não esteja em estylo até o
presente, e forão deferidos na mesma fórma.
3ª
Que não consentem que se pague o registro da Borda do Campo pelo descomodo que
dá, só sim tragão bilhetes cada qual das cargas que trouxer, para dellas pagar
meia oitava por sacco, e meia pataca por molhado, onde cada qual fôr sua
direita descarga, para o que se elegerão cobradores e lavrarão recibos para se
descarregar no dito registro, e outrosim se pagará pelos negros novos a oitava
e meia por cada um. Ao que se lhes deferio na mesma forma que pedirão.
4ª
Querem segurar Sua Magestade que Deus guarde as trinta arrobas, lançando-se
somente a cada um negro oitava e meia, e no caso de que não chegue se obrigão a
inteirar-lh’os, para o que contribuirão as lojas e vendas conforme a falta que
houver para a dita conta, de sorte que não passem de cinco oitava por cada um,
para cuja cobrança elegerão as camaras dous homens em cada arraial ou os que
forem necessarios; e querem que toda a pessoa que occultar escravo fique
confiscado para a fazenda real, o que também comprehende os quintos deste anno,
para o que se deve fazer novo lançamento, para nesta fórma se cobrarem de quem
não tiver pago, e se repôr os que pagarão o excesso da dita oitava e meia por
cada negro . E se lhes deferio como pedião.
5ª
Querem para serviço de Deus Nosso Senhor e de Sua Magestade que Deus guarde e
conservação da Republica que nem um negro ou negra se rematem na praça pelos
preços tão diminutos como se tem experimentado, mas sim se avaliem por dous de
sã consciencia e que os acredores os tomem pela sua avaliação, quando não hajão
arrematantes, o que também se observará em propriedades ou casas, ao que se
lhes deferio na forma que pedirão.
6ª
Querem também se dê regimento para salarios dos escrivães, tabelliães,
meirinhos e alcaides, e assignatura de ministros e guardas maiores e menores, e
este seja pela cidade do Rio de Janeiro, de sorte que se lá forem quatro
vintens de prata não duvidão que cá seja de ouro, e os mais a este respeito
para nesta forma se evitarem os excessos tão exorbitantes como o experimentão
todos, ao que se lhes deferio na fórma que pedião.
7ª
Não consentem que o aferidor leve peso de ouro por outro tanto de cobre, que
como isto sejão condições do senado, por ser contrato seu, em que o povo nunca
experimenta conveniencia, que só afim do contrato ser alto fazem o regimento
caro em prejuizo do povo, como é de uma balança e marco só de marcar oitava e
meia e de revista uma oitava e de tirar o olho á balança uma oitava, fazendo
mais milagres que Santa Luzia, dando olhos quando querem fundados no interesse,
e a este respeito as mais medidas para o que se lhe dê regimento util para o
povo. O que se deferio como pedião.
Almanaque
Mineiro
Séc.
XIX
Ouro
Preto. 1864.
(Respeitada
a ortografia da época).
sexta-feira, 7 de março de 2014
OS NOVOS INCONFIDENTES
DEMISSÃO
Etevaldo Ribeiro Protestato
Eufle da Costa Nogueira
Eugênio Caillar Ferreira
Eugênio Dias Gomes
Eugênio Gomes Nóbrega
Eunício Percílio Cavalcante
Evaldo Lopes Gonçalves da Silva
Evandro Moniz Corrêa de Menezes
Evano Pinto de Souza
Ewald Werner Lenhardt
Ewaston Silva
Ezar Zacharias André
Ezequias Ferreira Fortes
Ezio Torres
Fábio Braz Giannini
Fabrício Soares da Silva
Fany Goldfarb
Fausto de Lima Nogueira
Fausto de Vito
Feliciano Araújo
Feliciano Fernandes P. Martins
Felício Coelho de Medeiros
Felício Norberto da Silva
Felipe Gonçalves Fischer
Félix Augusto de Ataíde
Félix Valois de Araújo
Fernando Arzua Ferreira
Fernando Augusto Ramos Ribeiro
Fernando Barros da Silva
Fernando Brasil Rodrigues
Fernando Caggiano Hall
Fernando Chaves
Fernando da Conceição Silva
Fernando de Miranda Barros
Fernando João Baruffi
Fernando Laércio dos Santos
Fernando Lopes de Almeida
Fernando Murilo Pereira Peixoto
Fernando Nascimento Silva
Fernando Newton Coutinho
Fernando Patury
Fernando Pereira Marinho
Filemon de Lima Cardoso
Firmino Fernandes
Firmo Alves de Freitas
Firmo Chaves
Firmo Roberto Carvalho Maués
Flávio Gomes Carvalheiro
Florêncio Bitencourt da Silva Neto
Flori Antônio Nunes Soares
Flório Alves Teixeira
Fortunato Câmara de Oliveira
Francisco Alves da Rocha
Francisco Alvim Silva
Publicação da Câmara dos Deputados em homenagem
às vítimas do golpe
ianque-udeno-católico-empresarial-militar
de 1º de abril de 1964.
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terça-feira, 4 de março de 2014
OS INCONFIDENTES
TESTEMUNHA
13ª
João Dias da Mota, Capitão do Regimento de Cavalaria Auxiliar da Vila de
São José, no Rio das Mortes, natural desta Vila Rica do Ouro Preto, Bispado de
Mariana, morador no Engenho do Campo, que vive de roça, de idade de quarenta e
seis anos, testemunha a quem ele dito Ministro deferiu o juramento dos Santos
Evangelhos em um livro deles, em que pôs sua mão direita, subcargo do qual lhe
encarregou dissesse a verdade do que soubesse e lhe fosse perguntado, o que
assim prometeu fazer como lhe era encarregado.
E
perguntado ele, testemunha, pelo conteúdo no Auto desta Devassa que todo lhe
foi lido, disse que vindo em certa ocasião da sua fazenda para São Bartolomeu,
em dias de março do corrente ano, encontrara nas Bananeiras, caminho do Rio de
Janeiro, ao Alferes do Regimento Pago desta Capital, Joaquim José da Silva, por
alcunha o Tiradentes; e sucedendo descansar, por causa do muito calor, no mesmo
rancho em que o dito Alferes, este lhe disse: “Pois Vossa Mercê não sabe ainda
o que vai de novidade?” E respondendo-lhe ele, testemunha, que não, continuou
aquele: “que já se tinha deitado a derrama e que cabia a pagar oito oitavas de
ouro por cabeça”. Ao que lhe respondeu ele, testemunha: “E que remédio senão
pagar? Quem tiver dinheiro, muito bem. E quem não o tiver, pagará com os bens
ou fazendas que possuir.” A esta resposta, replicou o dito Alferes: — “Qual
pagar! Vossa Mercê não sabe o que vai? Pois está para haver um levante tanto
nesta Capitania, como nas do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Pará, Mato
Grosso etc. E já temos a nosso favor França e Inglaterra, que há de mandar naus.”
O
que ouvindo ele, testemunha, absorto do que escutava, lhe perguntou: “Pois quem
tem Vossa Mercê para esse levante?” Ao que lhe respondeu o mesmo Alferes:
“Temos pessoa muito grande!” E instando ele, testemunha, por que lhe declarasse
quem era, não foi possível tirar-lhe mais do que: — “que era uma pessoa muito
grande, e que a seu tempo o saberia”. E refletindo-lhe no perigo que corria em
tratar de semelhante matéria, e que não falasse em tal, lhe respondeu mais o
dito Alferes: — “Pois que tem? Que tem? Prenderem-me? Pois se me prenderem, alguém
me soltará.” Que tinha achado muito pusilânimes os filhos de Minas; e que
estavam a atuar quatro Ministros, sem os quais se podia passar. E com estas
razões se despediram, e ele, testemunha, seguiu seu caminho.
Declara
mais, que haverá quinze, até vinte dias, que passando por sua casa Joaquim José
dos Passos, afilador que foi o ano passado na Vila de São José, onde é
residente, lhe contou que se tinha feito um batizado em casa do Padre Carlos,
Vigário naquela Vila, em que assistiram o Coronel Inácio José de Alvarenga e o
Sargento-Mor Luís Vaz de Toledo Piza, e outros; e que nele se disse que o dito
Vigário havia de ser Bispo; e o dito Sargento-Mor proferiu que, com o fagote
que trazia à cinta, havia de cortar a cabeça do General. E que tudo quanto ali
estava assim o ouviu, até os músicos. E declara ele, testemunha, que não tendo
feito conta alguma, tanto das frioleiras daquele Alferes Tiradentes, como do
que ouvira ao dito Passos, por isso não viera logo delatar uma e outra notícia;
mas que passando por sua casa o Ajudante de Ordens deste Governo,
Tenente-Coronel Francisco Antônio Rebelo, e dizendo-lhe que quem soubesse
alguma coisa a este respeito viesse muito depressa declará-lo antes que o
chamassem, por esta causa veio ele, testemunha, logo a esta Capital, para o
sobredito fim de manifestar tudo quanto sabia, como faz. E declara mais que,
quando o dito Alferes Joaquim José teve com ele, testemunha, a conversação que
tem referido, lhe dissera juntamente que “havia já quatro anos que se
trabalhava nesta dependência do levante”.
Declara
mais que, em certa ocasião passando ele, testemunha, pelo Caminho do Rio e
sítio onde assiste João da Costa, chamado a Varginha, falando com o mesmo
Costa, lhe disse este que por ali havia passado no mês de dezembro, segundo sua
lembrança, do ano próximo pretérito, o Padre Manuel Rodrigues da Costa, morador
no Registro Velho; e que o mesmo lhe contara que estava América estava nos
termos de ficar uma Europa, no que ele fez alguma reflexão mas que não formou
disto discurso algum.
Porém
ele, testemunha, depois que se fizeram as prisões do dito Alferes no Rio, as de
São João del-Rei, e as que se praticaram também nesta Vila, passando outra vez
pelo mesmo sítio da Varginha e pousando na estalagem do já referido João da
Costa, refletiu com ele sobre a mencionada expressão, declarando-lhe o que
aquele Alferes lhe havia contado no sítio das Bananeiras, e já fica referido .
E ouvindo-o o dito João da Costa, lhe recontou mais este que um dos dias
antecedentes, que seria pouco mais ou menos nos fins de março ou princípios de
abril, jantaram ou comeram na sua casa três sujeitos, e que à mesa pegando um
deles, e que era o mais fraca-roupa, em um copo de vinho, proferira estas
palavras: “Lá vai à saúde de quem ainda dentro deste ano de oitenta e nove há
de ver novos governadores.” Ao que o dito Costa lhe disse: — “Como novos
Governadores, se ainda outro dia veio o Senhor Visconde General?” E o referido
fraca-roupa lhe respondeu: “Isto é cá outra coisa”. E declara finalmente, mais
bem lembrado ele, testemunha, que os fatos assim do Padre Manuel Rodrigues da
Costa, que já referiu, como o que acaba de declarar acima, do referido brinde,
ouviu ele, testemunha, ao dito João da Costa, antes ainda das mencionadas
prisões tanto do Rio, como destas Minas, assim como também o que relatou a
respeito do Alferes Tiradentes no sítio das Bananeiras; tendo sido só depois
das prisões o mais que ouviu a Joaquim dos Passos, do Rio das Mortes.
E
é todo o expendido, quanto sabe. E mais não disse, nem dos costumes; e sendo
lido o seu juramento, o assinou com o dito Ministro, e eu, o Bacharel José
Caetano César Manitti, Escrivão nomeado, o escrevi.
Saldanha — João
Dias da Mota
TRÊS REFLEXÕES
1.
Lendo os Autos de Devassa da Inconfidência Mineira, como gostar de Portugal (e
deixar de apreciar uma boa piada de português)?
2.
Como foram infinitamente mais éticas as punições aplicadas aos Inconfidentes,
se as compararmos às aplicadas a brasileiros pela ditadura resultante do golpe
ianque-udeno-eclesiástico-empresarial-militar de 1º de abril de 1964!
3.
E a UDN, hem? Vocês se lembram? Lembrai-vos de 37. O preço da liberdade é a
eterna vigilância. Brigadeiro, Pedro Aleixo, Milton Campos. Quanta mentira,
quanta hipocrisia, quanto fascismo escondido sob a capa da democracia.
sábado, 1 de março de 2014
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